Escrevivência e Psicanálise: pesquisa, clínica e formação
DOI:
https://doi.org/10.69751/arp.v14i28.5970Resumo
Este artigo discute a intersecção entre a escrevivência como metodologia articulável à Psicanálise e três diferentes níveis ou dimensões de transmissão da clínica psicanalítica: uma dimensão clínica, articulada à própria vivência ou experiência da análise; uma dimensão didática, que articula a política de escrita com a transmissão e o ensino da Psicanálise; e uma dimensão epistêmica, que implica a construção de um campo de saber que não descarte o sujeito, seu corpo, sua vida e sua história. Propomos que há, nas três dimensões, a tentação de reduzir o real ao saber e que a escrevivência se propõe como uma via oposta, que desloca essa redução ou encobrimento. Retomamos algumas referências sobre a função do matema e da letra, tal qual Lacan expõe em lituraterra, para pensarmos a afinidade entre as escrevivências e a transmissão da Psicanálise. Utilizamos a referência da releitura que Conceição Evaristo faz de Macabéa para delimitar a importância política e clínica que essa prática da escrita implica para a escuta da negritude, do feminino e de saberes periféricos, subalternizados e/ou dissidentes.