O pacto narcísico da cisgeneridade: divagações psicanalíticas sobre a ofensa da nomeação
DOI:
https://doi.org/10.69751/arp.v14i27.5241Resumo
Assim como, segundo Cida Bento, a branquitude produz alianças em vias de se preservar por meio de um pacto narcísico, compreendemos que a cisgeneridade se imiscui no narcisismo da branquitude, como postula Viviane Vergueiro. Sendo assim, desenvolvemos a ideia de um pacto narcísico da cisgeneridade. Colocando-nos em posição de analistas e afirmando-nos como “o monstro que vos escuta”, a partir de Paul B. Preciado, deparamo-nos com uma reação de rejeição à nomeação da norma, uma vez que a cisgeneridade institucional utiliza como estratégia fundamental de seu pacto narcísico a negação de sua conceituação; ou seja, a norma se naturaliza e, com isso, almeja sua conservação. Temos como objetivo mostrar que, a partir de alianças narcísicas e da recusa, as normatividades modernas/coloniais se autopreservam e se presentificam, dentre outros espaços, nos saberes psicanalíticos. Para trilhar esse caminho, temos como metodologia a revisão bibliográfica, por meio da qual associamos a noção freudiana de narcisismo à definição de pacto narcísico, de Cida Bento; à Outridade, de Grada Kilomba; à ofensa da nomeação, de Pfeil & Pfeil. Dessa maneira, concluímos que a cisgeneridade, como estrutura de dominação, opera por meio de pactos narcísicos e mecanismos de defesa do ego, atribuindo à Outridade as corporalidades que não a reflitam.